segunda-feira, novembro 10, 2008

Lixo no mar - e agora?


Todas as atividades humanas produzem resíduos, que quando perdem valor são jogados fora, e passam a representar um grande problema para a sociedade. A imensa quantidade de lixo produzida todos os dias no mundo está se tornando cada vez mais um dilema, a ponto de ter se tornado um assunto comum nos meios de comunicação. Os problemas causados pelo lixo nos grandes centros urbanos - como entupimento de redes de coleta de água pluvial, ambiente para a proliferação de organismos vetores de doenças (ratos, baratas), ocupação de espaço - são conhecidos por grande parte da população com acesso à informação. Mas e o que acontece nos oceanos?
Por muitos anos os oceanos foram considerados “sumidouros” dos nossos resíduos, e de certa forma ainda existe a idéia de que podemos esconder nossos problemas no fundo do mar. De lixo nuclear a copos descartáveis, todo tipo de lixo chega no ambiente marinho de alguma forma. Esse lixo pode gerar uma série de problemas, como ferimentos em seres humanos e animais marinhos através do enredamento em redes de pesca descartadas, ingestão de fragmentos plásticos, cortes e perfurações. Organismos exóticos presos a fragmentos de plásticos podem ser introduzidos em locais distantes da sua distribuição natural quando o lixo é levado pelos ventos e correntes. Dependendo da quantidade de lixo, também pode haver perdas econômicas devido ao detrimento do valor estético de praias.
Existem vários estudos sobre o problema do lixo marinho em praias, mas ainda é preciso entender como esse lixo se distribui e se comporta em outros ambientes marinhos, como recifes costeiros. Na costa de Pernambuco, a contaminação por lixo marinho nos recifes e naufrágios utilizados para a prática de mergulho não é alarmante. AINDA. É preciso que o problema de lixo marinho seja mais discutido entre os apreciadores do mar, para que esse assunto ganhe força e seja combatido por todas as pessoas. Não é preciso haver o problema para haver discussão. O ideal é que o assunto seja debatido e formas de prevenção sejam criadas. A percepção de um problema aumenta conforme expande o conhecimento sobre a questão. Um mergulhador mais observador e informado irá perceber que aquela pedra não é uma pedra, mas sim um tijolo coberto por algas; que aquele pedaço de ferro pode estar coberto por algas e servindo de habitat para vários organismos, mas continua sendo um resíduo de alguma atividade humana. Recifes artificiais possuem uma série de benefícios, mas é preciso haver cuidado para que o fundo do mar não seja indefinidamente coberto por estruturas de ferro e concreto.
Todos os ambientes do nosso planeta estão interligados, por isso qualquer atitude que tomamos em um grande centro urbano irá influenciar um ambiente recifal a milhares de quilômetros de distância. A ação básica que deve ser tomada é a redução da quantidade de lixo produzido, além de ações de conscientização sobre a problemática do lixo no planeta. Se continuarmos não dando a devida atenção a esse assunto, vamos acabar vivendo e mergulhando em uma grande lixeira!

Texto: Ângela Spengler
Foto: Monica Costa
Texto publicado no informativo eletrônico da revista Deco Stop

Um comentário:

.Kel. disse...

National Geographic terá uma correspondente gaúcha!! jahuauah

Como já te disse, adorei o texto

E acaba logo essa dissertação :) beijoss