Regulamentação da Oceanologia, esperada há 29 anos, é aprovada no Congresso e promete abertura de mercado na área
Oito mil quilômetros de costa e um mar territorial com mais de 4 milhões de metros quadrados estão agora oficialmente nas mãos dos oceanógrafos brasileiros. A atividade, já reconhecida pela sociedade, teve a profissão aprovada pelo Senado na semana passada. Com a sanção presidencial, esperada para agosto, a carreira ganha status e condições de igualdade com químicos, engenheiros e biólogos que atuam no mercado das águas. Na mesma sessão, os senadores aprovaram a regulamentação do ecólogo.
- Ganhamos valorização pela importância do ambiente. A principal mudança é o respaldo para assumir responsabilidade técnica. Nos corredores da faculdade, há muita expectativa pela assinatura do presidente, mas já estamos dando os parabéns uns aos outros - conta o estudante Bruno Moraes, 23 anos, com formatura marcada para dezembro, na Universidade Federal de Rio Grande (Furg).
Pioneira no país, a Furg ensina Oceanologia desde 1970. Em seu navio (foto) e lanchas de estudos, já viajaram mais de 1,5 mil alunos de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado). Entre eles, o atual reitor da universidade, o professor João Carlos Brahm Cousin, graduado em 1978 pelo curso que virou a marca da universidade gaúcha.
- Lutamos pela regulamentação há 29 anos. E a aprovação chega em muito boa hora - comemora o reitor.
Entregar o diploma com uma profissão regulamentada também é sonho antigo do coordenador do curso da Furg, Luiz Carlos Krug. Conforme o professor, os oceanógrafos já conquistaram o mercado, mas a regulamentação evita questionamentos legais que vinham ocorrendo em concursos públicos. Krug diz que há maior interesse do governo, especialmente da Marinha e da indústria do petróleo e gás, no conhecimento do mar, mas destaca as modificações do projeto de lei como fatores importantes para a regulamentação.
- Não há reserva de mercado. Por isso, não houve conflito com geólogos, biólogos e químicos que também podem atuar juntos. Também foi retirada a obrigatoriedade de piso salarial e a criação de um conselho próprio - diz Krug.
Com uma visão mais moderna de mercado, respeitando a multidisciplinaridade da carreira, a oceanologia cresce e passa a fazer parte do grupo de aproximadamente 60 profissões regulamentadas do Brasil, entre as 2,5 mil previstas no Catálogo Brasileiro de Ocupações.
( lucia.pires@zerohora.com.br )
O que muda com a regulamentação |
Responsabilidade técnica - O oceonógrafo passa a assinar laudos ambientais. Em alguns Estados, havia restrições para o oceonógrafo se responsabilizar por relatórios e fiscalização ambiental. |
Participação em concursos - A maior parte dos concursos define os cargos pelas profissões, o que dificultava a participação do oceonógrafo. Com a regulamentação, a inserção será maior. |
Valorização - Sem nenhum questionamento legal, o oceonógrafo ganha maior respaldo para atuação profissional |
Fiscalização - Profissionais terão representatividade em conselho. A categoria deverá integrar o Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea) |
Áreas de atuação |
Oceanografia biológica - Estuda toda a vida que existe nas águas, desde as microalgas até as baleias (fauna e flora), passando pelo cultivo de peixes, moluscos e crustáceos |
Oceanografia geológica - Pesquisa os recursos minerais do mar (sedimentos, nódulos de manganês, ouro, zinco e camadas de sal que estão no fundo do oceano) |
Oceanografia física - Trabalha no que se refere às correntes, marés e questões climáticas |
Oceanografia química - Atua com foco em aspectos de contaminação, poluição das águas do mar, dos rios e de estuários |
Um comentário:
Estou pensando em como vai ser lindo na formatura esse ano com profissão regulamentada!!! \o/ Lindo! Lindo! Lindo! Imagina a emoção inclusive dos professores que dão aula e também foram formados na FURG, do Krug e do reitor.... vai ser lindo!!!!!
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